MC Gra é uma representante rio-pretense do hip hop e rap brasileiro com 20 anos de carreira. Ela conquistou seu espaço na cena do RAP nacional com a ajuda de grandes parceiros, artistas e bandas como Racionais MC’s, StereoDubs, Luiz Café, Buguinha Dub, DJ GUG e Negra Li.
Dani: Como você decidiu seguir carreira na música e se tornar uma rapper?
MC Gra: A parte de seguir carreira veio depois de um bom tempo já que eu sempre fiz música desde criança, sempre amei música, eu estudei violão popular quando criança, participei de corais, tive uma bandinha de rock, mas nada a ver assim, com estudo musical, né? Sempre amei música. Fazer música.
Depois de uns anos fazendo RAP , eu tive a oportunidade de gravar com dois produtores muito renomados no Brasil. Que foram o KL Jay e o DJ Hum. Dessa produção saíram dois produtos culturais e isso chamou a atenção e começou a trazer uma demanda de trabalhos que necessitava que eu profissionalizasse esse conteúdo.
Dani: Quais foram os principais desafios que você enfrentou ao longo desses 20 anos de carreira?
MC Gra: Com certeza os maiores desafios para mim foram as limitações de termos de conhecimento mesmo né? Eu era uma artista, uma professora que de repente tinha que ser uma empresária, administrar um produto e vendê-lo, o marketing de um produto, a qualidade e construção de um produto.
Dani: Como você descreveria a evolução do seu estilo de rap ao longo do tempo?
MC Gra: Eu diria que iniciou com uma rebeldia comum a quem está começando, passando por momentos de me profissionalizar e chegando hoje até com algo de mais pensante e cultural.
Dani: Quais são os temas e mensagens que você mais gosta de abordar em suas músicas?
MC Gra: Os temas sempre são situações que eu passo, situações onde eu me senti meio perdida e não sabia como agir e analisei formas e encontrei uma forma que pra mim fosse adequada. Eu sou uma pessoa que sou assim, eu gosto de solucionar as coisas, buscar saídas, não gosto de me afundar em problemas e transformar o problema como um carro chefe. Então minhas letras são sempre sobre como criar soluções, né?
Dani: Como você vê o cenário atual do rap nacional e como acha que ele pode evoluir no futuro?
MC Gra: Mundialmente já tinha os domínios do mercado fonográfico há tempos, mais de décadas né? Mas no Brasil tem um tempo pra que isso aconteça; é uma cultura que veio de fora, mas se adéqua demais à realidade que o país enfrenta hoje. A situação que nós enfrentamos. Então o rap pra gente ainda faz muito sentido e toca demais. Fora que se tornou uma tendência né? Esteticamente falando, visualmente falando termos de investimento é uma comunicação muito atual, o jovem gosta muito, né? É uma forma de se comunicar que ele se identifica bastante. Com a rebeldia que o rap tem, com as questões que o rap levanta. Então o rap hoje no Brasil também já tem vários artistas da liga encabeçando esse mercado fonográfico, com grandes destaques.
Dani: Você tem algum projeto especial em comemoração aos seus 20 anos de carreira?
MC Gra: Estou idealizando um show que caracterize o encerramento dessas comemorações. Com uma mulher dentro do rap, o rap dentro do Brasil, se a gente parar pra pensar em todo esse cenário. Uma mulher do interior independente, sem gravadoras, ou dinheiro. Quero convidados e novidades! Estamos idealizando esse show aí pra encerrar as comemorações dos vinte anos da MC Gra.
Dani : Como você acha que a música pode ser uma ferramenta para promover mudanças sociais e políticas?
MC Gra: A música só pode ser ferramenta pra mudança se ela refletir sobre os tempos atuais. Se ela refletir sobre as questões dentro dessa reflexão, se ela amadurecer, se ela realmente quiser evoluir dentro dessa questão. Eu encerro a nossa entrevista voltando lá no começo, uma das coisas que fez eu querer cantar rap com certeza foi a mudança que o rap fez em mim, as informações que o rap me trouxe, o quanto o rap expandiu a minha mente. Dois álbuns foram essenciais pra mim: Miss Education da Lauren Hill e Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais Mc’s).
Se você está alienado, você não causa reflexão ou transformação nenhuma, né?
MC Gra
